Há quem o veja como uma moda. Outros consideram-no uma revolução silenciosa no mundo da nutrição. Mas o facto é que o jejum intermitente continua a ganhar adeptos, não só pela promessa de ajudar a perder peso, mas por trazer uma nova consciência sobre o acto de comer.
Mais do que contar calorias, esta prática propõe reorganizar o tempo em que comemos. Em vez de estar constantemente a ingerir alimentos, o corpo alterna entre momentos de alimentação e períodos de “repouso digestivo”. E é aí que muita coisa pode mudar.
O que muda, afinal? Não é o que comes, mas quando
No jejum intermitente, define-se uma janela de tempo durante o dia para fazer as refeições. Fora dessas horas, evita-se qualquer ingestão calórica. A água, os chás e o café sem açúcar são permitidos. Com o tempo, o corpo aprende a usar as reservas de gordura como fonte de energia, o que pode ajudar na perda de peso e no equilíbrio metabólico.
Mas atenção: os resultados dependem da qualidade do que se come nas janelas alimentares. Uma alimentação pobre ou desequilibrada pode anular todos os benefícios da prática.
Modelos mais comuns de jejum
Entre os protocolos mais seguidos estão:
- 16/8: jejum de 16 horas com 8 horas para comer. Exemplo: refeições entre o meio-dia e as 20h.
- 5:2: cinco dias de alimentação normal e dois dias com ingestão calórica muito reduzida.
- Jejum de 24h: feito ocasionalmente, uma ou duas vezes por semana.
O modelo ideal depende do teu estilo de vida, rotina e, claro, da orientação de um profissional de saúde.
O que podes ganhar com o jejum intermitente
Vários estudos apontam benefícios como:
- Perda de peso gradual
- Melhor controlo do apetite
- Aumento da concentração
- Redução da inflamação
- Melhoria na sensibilidade à insulina
Ainda assim, os efeitos variam de pessoa para pessoa e a ciência continua a investigar os impactos a longo prazo.
Nem tudo são flores: os cuidados necessários
Nos primeiros dias, é comum sentir dor de cabeça, irritabilidade, fadiga ou dificuldade em concentrar-se. Algumas pessoas podem cair em episódios de compulsão alimentar durante a janela de refeição, o que compromete os resultados.
E mais importante: o jejum intermitente não é recomendado para grávidas, lactantes, pessoas com diabetes, distúrbios alimentares ou que tomem medicação contínua. O acompanhamento médico é fundamental para que a prática seja segura.
Como começar com consciência e equilíbrio
- Inicia com jejuns mais curtos, como 12 horas, e vai aumentando progressivamente.
- Mantém uma alimentação rica em vegetais, proteínas magras, gorduras boas e grãos integrais.
- Evita ultraprocessados, doces e álcool durante a janela alimentar.
- Planeia as tuas refeições com antecedência para evitar decisões impulsivas.
- Garante uma boa hidratação ao longo do dia com água, chá ou café sem açúcar.
- Pratica actividade física leve, como caminhada ou yoga, respeitando sempre os sinais do teu corpo.
Mais do que uma dieta, uma escuta activa do corpo
O jejum intermitente pode ser uma ferramenta valiosa, não como regra rígida, mas como uma forma de reeducar o corpo e a mente sobre o acto de comer. Quando praticado com informação, respeito e acompanhamento profissional, pode trazer benefícios reais.
No fim, o mais importante não é seguir à risca uma tendência, mas encontrar o ritmo que faz sentido para ti, com liberdade e consciência. Porque o verdadeiro equilíbrio alimentar começa dentro, e não no relógio.