Numa altura em que as redes sociais ditam tendências sobre o que comer, quando treinar e como viver melhor, uma prática tem ganho destaque: o exercício em jejum. A promessa? Queimar mais gordura de forma natural. E, surpreendentemente, há ciência por trás dessa ideia.
Mas será que funciona mesmo? E mais importante: será que é para ti?
O que acontece no corpo quando treinamos em jejum
Quando acordamos, o corpo encontra-se com níveis baixos de glicogénio, a principal reserva de energia usada durante o dia. Se decidires fazer exercício antes do pequeno-almoço, o organismo é “forçado” a recorrer à gordura armazenada como combustível.
Este processo, conhecido como oxidação de gordura, pode potenciar a perda de peso. Por isso, o treino em jejum tornou-se popular entre quem procura resultados visíveis — mas de forma natural e sem suplementos artificiais.
Sim, a ciência confirma, mas com nuances
Estudos publicados em revistas como o Journal of Nutrition and Metabolism mostram que actividades aeróbicas moderadas em jejum, como caminhada ou bicicleta, aumentam o uso da gordura como energia. Mas é preciso ressalvar: este efeito não é uma fórmula mágica, nem substitui alimentação equilibrada ou descanso adequado.
E, claro, o mais importante: a prática deve ser feita com segurança e bom senso.
Nem toda a gente deve treinar em jejum
Apesar dos benefícios, esta estratégia não é indicada para todos. Pessoas com:
- Pressão arterial baixa
- Diabetes
- Doenças renais
- Tendência a hipoglicemias
devem evitar treinar de estômago vazio ou fazê-lo apenas com orientação médica. O mesmo vale para treinos intensos ou muito longos. Se o corpo não tem reservas, pode entrar em stress e provocar tonturas, fraqueza ou mal-estar.
Ouve o teu corpo, ele avisa sempre
A nutricionista Olaia Castro é clara: “Se durante o treino em jejum sentires tonturas ou cansaço excessivo, pára imediatamente e consome algo leve”. Esta prática deve servir o teu bem-estar, e não ser mais um sacrifício a somar à rotina.
Como experimentar esta estratégia com segurança
Se sentes curiosidade e estás saudável, podes testar o treino em jejum com estes cuidados:
- Começa com exercícios leves ou moderados, como caminhada ou bicicleta
- Limita o treino a 60 minutos
- Mantém-te bem hidratado antes, durante e depois
- Evita treinar em jejum se estiveres muito cansado ou com sono acumulado
- Faz uma refeição nutritiva logo após o treino, com hidratos de carbono e proteínas
E lembra-te: cada corpo é único. O que resulta para uns pode não funcionar para outros.
Mais do que resultados rápidos, procura equilíbrio
O treino em jejum pode ser uma ferramenta útil para acelerar a queima de gordura, desde que feito com consciência e responsabilidade. Não é uma solução milagrosa, nem substitui hábitos consistentes e saudáveis.
Se o teu objectivo é perder peso, melhorar o desempenho ou apenas sentir-te melhor no corpo em que vives, o mais importante é ouvir os teus sinais internos, respeitar os teus limites e procurar orientação quando necessário.
Porque quando o cuidado é feito com verdade, os resultados não demoram a chegar e, melhor ainda, permanecem.