Começa com um ligeiro formigueiro nos dedos. Às vezes é só um desconforto ao fim do dia, outras vezes um aperto no punho que parece não passar. No início, quase sempre se ignora. Afinal, quem é que nunca sentiu um incômodo depois de horas ao computador ou a usar o telemóvel? Mas, por trás destes sinais aparentemente inofensivos, pode estar algo mais sério: a Síndrome do Túnel Cárpico.

Esta condição afecta muitas pessoas, sobretudo aquelas que passam longos períodos em frente ao ecrã, a digitar ou a realizar tarefas repetitivas com as mãos. Ignorar os sintomas pode comprometer não só o conforto diário, mas também o desempenho profissional e a qualidade de vida.

Quando o punho deixa de ser apenas um apoio

O túnel cárpico é uma estrutura estreita localizada no punho, por onde passa o nervo mediano. Quando este nervo é comprimido, surgem sintomas como dor, formigueiro e até perda de força nas mãos. Os dedos mais afectados são geralmente o polegar, o indicador e o médio, e a dor pode até irradiar para o antebraço, interferindo com tarefas simples ou com o descanso nocturno.

Este quadro é mais comum em pessoas que utilizam teclado e rato de forma intensa, ou que realizam movimentos manuais repetitivos. No entanto, factores como artrite, gravidez, diabetes e problemas da tiroide também podem aumentar o risco.

Um olhar mais atento pode evitar o agravamento

Reconhecer os sinais de alerta é essencial. O corpo fala connosco, mesmo que em sussurros. Quando há formigueiro constante, dores persistentes ou dificuldade em segurar objectos, é hora de escutar com atenção.

O diagnóstico precoce permite iniciar um tratamento mais simples e evitar procedimentos invasivos. Muitas vezes, só o ajuste da postura, pequenas mudanças na rotina e o acompanhamento fisioterapêutico já são suficientes para aliviar os sintomas.

O papel da fisioterapia na recuperação

A fisioterapia tem um papel central no tratamento da Síndrome do Túnel Cárpico. Não só alivia os sintomas, como promove a recuperação funcional das mãos e punhos.

Entre as técnicas mais utilizadas estão:

  • Alongamentos específicos para os músculos do antebraço
  • Exercícios de deslizamento neural, que ajudam o nervo a movimentar-se com mais liberdade
  • Compressas frias para reduzir inflamações
  • Ajustes posturais, essenciais para quem passa muito tempo ao computador
  • Terapias manuais para melhorar a circulação e soltar tensões

Com orientação adequada, é possível recuperar mobilidade, reduzir o desconforto e evitar cirurgias. O acompanhamento profissional é especialmente importante para adaptar os movimentos do dia a dia e proteger os punhos a longo prazo.

Cuidar antes de precisar tratar

Prevenir esta síndrome é mais simples do que parece. Bastam pequenos hábitos diários que, somados, fazem uma grande diferença.

Começa por estas mudanças:

  • Faz pausas regulares durante tarefas repetitivas
  • Garante uma postura correcta ao digitar ou usar o rato
  • Inclui alongamentos diários para as mãos e antebraços
  • Usa apoios ergonómicos, como suportes para o pulso ou teclados ajustáveis
  • Mantém uma alimentação equilibrada e cuida de condições de saúde crónicas

Estas práticas não só previnem lesões como promovem um bem-estar geral, especialmente para quem depende das mãos no trabalho. E o mais importante: são gestos de auto-cuidado que colocam o conforto e a saúde em primeiro lugar.

O corpo dá sinais. Ouvi-lo é um acto de inteligência e respeito

Se já sentes algum desconforto no punho, não deixes para depois. Actuar a tempo é o melhor caminho para evitar que uma dor passageira se torne um problema permanente.

Cuida dos teus gestos, da tua postura, das tuas pausas. O corpo sabe quando algo não está bem. E tu também.

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